quarta-feira, 21 de setembro de 2016

Negócio Certo dá novas perspectivas a produtores de Cerro Corá

Capacitação reuniu 20 produtores rurais de assentamento em Cerro Corá
Programa Negócio Certo Rural, que ensina agricultores a planejar e gerir a propriedade, capacitou 20 produtores de maracujá e mel instalados em assentamento em Cerro Corá, na região do Seridó.

O agricultor Francisco Avelino da Silva possui um lote de terra com 4,5 hectares onde cultiva maracujá, na cidade serrana de Cerro Corá, que fica a 190 quilômetros da capital Natal. Depois de mais de 13 anos de atividade, somente agora, ele entendeu a importância de saber administrar bem a propriedade para verificar se a cultura era de fato viável. O conhecimento sobre gestão e planejamento veio com o programa Negócio Certo Rural, desenvolvido pelo Sebrae no Rio Grande do Norte para ensinar gratuitamente produtores a melhorar os negócios, através do planejamento e gestão de pequenas propriedades.

Francisco Avelino cultiva maracujá e aprendeu a gerir melhor a propriedade
“Conseguimos organizar melhor o negócio, pois aprendemos a ter um maior controle do que produzimos e do que vendemos. Isso é importante para planejar melhor o que plantamos”, justifica Francisco da Silva, que juntamente com a filha, Luciana Silva, chega a colher em média 200 quilos de maracujá por semana, volume que em épocas de boa safra chega a 450 quilos. O programa ajudou aos dois a terem uma nova visão acerca do negócio. “Nosso maior desejo é beneficiar a fruta, já que vendida sem processamento cada quilo sai por apenas R$ 2,00. Com a polpa agregamos valor”, explica o produtor.

Francisco e Luciana Silva estão entre os 20 integrantes da primeira turma do Negócio Certo Rural que foi ministrado no Assentamento Santa Clara II, situado na zona rural do município. Foram 15 propriedades atendidas. Com o programa, que adota uma metodologia diferenciada, o Sebrae auxilia os participantes tanto na melhoria de negócios existentes como na implantação de novas atividades. O objetivo é estimular os empreendedores rurais a inovar nas atividades já existentes ou até mesmo na criação de novas oportunidades na região, que, no caso especifico da comunidade, sofre com a escassez de água.

O Negócio Certo Rural deveria ser o pontapé para todo produtor rural devido à base de conhecimento que é repassada, dando nova visão sobre as possibilidades de negócios" João Hélio Cavalcanti - Diretor Técnico do Sebrae-RN

A ideia de abrir uma turma do Negócio Certo Rural no assentamento visava identificar as atividades mais rentáveis para os produtores e as tecnologias mais compatíveis para ampliar a competitividade dos negócios. Luiz Francisco Gomes foi um dos que participaram do curso. “O programa trouxe conhecimento para gestão do negócio e controle dos custos”.

Francisco Iranildo Dantas, que é conhecido como Ninô, faz parte da associação dos apicultores da região, a AcapMel, e também participou da capacitação. “Foi extremamente importante participar do Negócio Certo porque criávamos as abelhas sem nenhum controle do que produzíamos. Somente com esse tipo de informação, é possível aumentar a produtividade”, diz. A AcapMel, que reúne 13 apicultores, chegou a produzir no primeiro semestre 3,5 toneladas de mel.

“Durante o curso apresentamos conceitos, dicas, exemplos e tarefas práticas para que o estudo seja agradável e para que o empreendedor rural possa relacionar o que está estudando com a prática de sua rotina na propriedade”, diz a gestora do Negócio Certo Rural, Mona Paula Nóbrega. As tarefas práticas envolvem a realização do diagnóstico da propriedade, identificação de novas ideias de negócio a partir de sua realidade e das potencialidades da região, buscar informações para avaliar as ideias e elaborar um plano de negócio.

A metodologia do programa foi ambientada para o universo agrícola, visando orientar o produtor a identificar áreas de investimento, analisar a viabilidade do negócio, elaborar plano de negócio e gerenciar o empreendimento.  A iniciativa busca também motivar os jovens agricultores a revitalizar as propriedades rurais e descobrir os empreendimentos viáveis que estão ao seu alcance, como horticultura, fruticultura, floricultura, mel, piscicultura ou pequena agroindústria artesanal. Somente este ano, o Sebrae já realizou mais de 20 turmas e, até dezembro, a estimativa é chegar a 29 turmas em municípios de todas as regiões do estado.

Mais ações

Em Cerro Corá, a solenidade de entrega dos certificados foi realizada no fim da semana passada e contou com a presença do diretor técnico do Sebrae-RN, João Hélio Cavalcanti, e do gerente do Escritório Regional do Sebrae no Seridó Oriental, Célio Vieira. “O Negócio Certo Rural deveria ser o pontapé para todo produtor rural devido à base de conhecimento que é repassada, dando nova visão sobre as possibilidades de negócios. Além do conhecimento, uma capacitação como essa permite que o participante reflita sobre o negócio”, ressalta João Hélio, destacando que, mesmo com coerência de recursos hídricos, há outras atividades que podem ser trabalhadas na comunidade.

De acordo com o diretor, o Sebrae pretende desenvolver um trabalho na área de apicultura, já que a região apresenta potencial para essa atividade, e dar suporte ao grupo  facilitando o acesso ao crédito para o beneficiamento do maracujá plantado. Atualmente, o Assentamento Santa Clara tem a fruticultura como a principal fonte de renda das famílias e a maioria – cerca de 130 produtores - sobrevive do plantio e comercialização do maracujá, alternando com a cajucultura. O grupo sofre com a baixa competitividade do maracujá, daí a necessidade de por em funcionamento uma unidade de beneficiamento da fruta para comercialização da polpa.

Segundo Célio Vieira, a proposta é programar uma série de atividades para os agricultores do assentamento de forma a dar novas perspectivas ao produtores locais, entre elas estão visitas técnicas a Expofruit, que começa na próxima quinta-feira (22) em Mossoró, e uma experiência de reuso de águas na cidade de Lajes. Além disso, o Sebrae deverá incentivar a produção de maracujá orgânico no assentamento.

Fonte: Agência Sebrae de Notícias

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